André Galindo da Costa
Hoje a Organização das Nações Unidas (ONU) possui cinco comissões regionais. Essas comissões tem o objetivo de promover a cooperação entre países e realizar estudos que levem a políticas de desenvolvimento social e econômico.
Uma dessas comissões é a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). A CEPAL tem sede na cidade de Santiago no Chile e desde o ano de 2008 sua Secretaria Executiva é a bióloga e diplomata mexicana Alicia Bárcena Ibarra. Alícia também tem mestrado em Administração Pública pela Universidade de Harvard. Dada a importância da CEPAL e influência no século XX torna-se relevante conhecer um pouco sobre o seu surgimento.
Em 1947 o Conselho Econômico e Social da ONU criou cinco comissões regionais com o propósito de desenvolver pesquisas e análises econômicas. As regiões do mundo foram: Europa; África; Ásia e Pacífico; Oriente Médio; América Latina e Caribe. O primeiro Secretario Executivo da CEPAL foi o jurista e economista mexicano Gustavo Martínez Cabañas. Cabañas era pós-graduado em Administração Pública pela Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e enquanto esteve no comando da organização interessou-se muito pelos temas de planejamento e finanças públicas. Ele exerceu o cargo desde 1948, ano de fundação da CEPAL, até 1950.
Os anos 1950 foram talvez os mais marcantes para a CEPAL. Isso porque assumiria a sua direção como Secretário Executivo o aclamado economista e pesquisador argentino Raúl Prebisch. Prebisch teve um papel fundamental ao lado da economista mexicana Ifigenia Martínez no momento da instalação da comissão. Como seu Secretário Executivo consolidaria o seu pensamento como o que marcou tal instituição nos anos 1950. Cabe destacar que ele foi o autor da reconhecida obra: América Latina e Alguns de seus Principais Problemas.
A presença de Raúl Prebisch fez com que nos anos 1950 e início dos anos 1960 a CEPAL promovesse a industrialização por substituição de importações como a forma mais adequada dos países da América Latina buscar o seu desenvolvimento. Vale destacar que na época, diversos governos latino-americanos colocaram em prática tais pressupostos. Inspirada na teoria econômica keynesiana, a CEPAL advogava pela intervenção do Estado na economia como ator determinante para a alocação de investimentos. O protecionismo econômico era visto, na época, como algo capaz de evitar a entrada de produtos estrangeiros que impossibilitasse o desenvolvimento das indústrias nacionais. Também a reforma agrária era apontada como uma necessidade para o desenvolvimento do capitalismo na região. O Presidente chileno Salvador Allende foi um dos governantes latino-americanos que mais se inspirou no que se costumou chamar de pensamento cepalino.
Com o passar do tempo a CEPAL foi aderindo a outros tipos de correntes da teoria econômica e muito da influência que tinha sobre governantes latino-americanos foi se perdendo. Hoje, além da sua sede principal em Santiago a CEPAL conta com duas subsedes regionais. A da América Central na Cidade do México (México) e a do Caribe em Porto de Espanha (Trindade e Tobago). Também conta com escritórios em: Brasília (Brasil), Bueno Aires (Argentina), Bogotá (Colombia) e Washington D.C. (Estados Unidos).
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