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Comunicação, 03/06/2024

Para registrar a passagem do Dia Mundial do Meio Ambiente, festejado anualmente em 5 de junho, a Escola Superior de Gestão e Contas Públicas (EGC) do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCMSP) apresentou nesta segunda-feira (03/06) a palestra virtual “Mudanças Climáticas: Desafios para todos!”. O convidado para abordar o tema cada vez mais atual foi o climatologista Carlos Nobre, um dos cientistas brasileiros mais reconhecidos em todo o mundo, que foi eleito recentemente “Guardião Planetário”. O evento foi apresentado ao vivo e teve transmissão pelo canal do YouTube da Escola.

 

 

gisela e carlos nobre

Essa palestra on-line dá a largada numa série de eventos que a EGC realiza ao longo deste mês em torno da temática do meio ambiente. As comemorações são ainda mais importantes, principalmente num cenário mundial que registra eventos climáticos extremos como os que ocorreram recentemente em todo o planeta como consequência das mudanças do clima. E para falar dos desafios para a humanidade frente às mudanças climáticas, a Escola recebeu o especialista e referência mundial em ciências climáticas, Carlos Nobre, climatologista, integrante do Instituto de Estudos Avançados da USP, e copresidente do Painel Científico para a Amazônia. Trata-se do primeiro brasileiro a fazer parte do coletivo global “Guardião Planetário” que reúne lideranças comprometidas em resolver a urgência da crise climática.

O cientista Carlos Nobre iniciou sua apresentação chamando a atenção para os diferentes eventos climáticos que vêm acontecendo em todo o mundo como consequência direta da ação humana. Destacou que “dentre os eventos extremos registrados estão as chamadas “ondas de calor”, que é um fenômeno que acontece quando as temperaturas previstas ficam pelo menos 3°C acima da média histórica para o período do ano considerado. É o fenômeno que provocou 62 mil mortes durante o verão de 2022 na Europa e cerca de 48 mil mortes no Brasil. O calor extremo prejudicou desproporcionalmente os idosos e as mulheres. A idade foi um fator importante, com o número de mortos aumentando significativamente em pessoas com 65 anos ou mais, o que atrai mais diretamente a atenção dos cientistas”.

O palestrante citou que o relatório da Organização Meteorológica Mundial de 2024 confirmou que o ano de 2023 foi o mais quente da história do planeta e também foi o mais quente da série histórica do Brasil. Segundo ele, o Brasil enfrentou nove episódios de ondas de calor reflexo dos impactos do fenômeno El Niño - influenciado pelas mudanças climáticas - que favoreceu o aumento da temperatura em várias regiões do planeta. De 15 de maio de 2023 a 15 de maio de 2024, 6,3 bilhões de pessoas, ou cerca de 78% da população global, viveram pelo menos 31 dias de calor extremo, definidos como aqueles mais quentes do que 90% das temperaturas observadas durante o período de 1991 a 2020. A média mundial, o foi de 26 dias. No Brasil, 81,8 dias atingiram esse patamar de maio de 2023 a maio de 2024. Em um cenário sem a influência da mudança climática, seriam 17,8 dias”.

Ao abordar a crise climática que atingiu o Rio Grande do Sul, que deixou um quadro de calamidade pública responsável por 171 mortes, 56 desaparecidos, cerca de 2,3 milhões de pessoas afetadas em 469 municípios, com estimativa de 10 bilhões de reais em prejuízos, Nobre apontou que, pela primeira vez, uma recente pesquisa do instituto Quest indicou que 99% dos brasileiros enxergam alguma relação entre as enchentes no Rio Grande do Sul e as mudanças do clima. Nesse sentido, ele chamou atenção para a análise do Climameter do Institut Pierre Simon Laplace da França, que cita uma interferência restrita do El Niño no impacto que levou às inundações no sul do Brasil. “Esse estudo sugere que as alterações que vimos no evento em comparação com o passado podem ser devido às mudanças climáticas provocadas pelo homem, com uma pequena contribuição da variabilidade natural”, observou o climatologista.

Carlos Nobre pontuou ainda que o planeta poderá se tornar insustentável para as próximas gerações, principalmente diante do que qualificou como estresse térmico, que deve afetar diretamente a vida em inúmeras regiões do mundo.

Ao apresentar as conclusões de seus estudos com vistas à redução do desmatamento e da poluição ambiental no país, Nobre elencou algumas iniciativas que considerou como medidas fundamentais:

  • O Brasil retomou com altivez o protagonismo conquistado arduamente até alguns anos na busca de soluções para enfrentar a emergência climática global.
  • Que o país deve implementar suas ambiciosas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa até 2030, e pode tornar-se o primeiro país de grandes emissões a atingir o net zero antes de 2050.
  • Tornar-se ainda mais ambicioso, acelerar políticas e práticas de adaptação e aumento da resiliência em todos os setores e manter o apoio à geração de conhecimento científico.
  • Aperfeiçoar sistemas de previsão e alertas de desastres causados por extremos climáticos e proteger as populações em áreas de risco e todas populações vulneráveis a ondas de calor.
  • O Brasil, com seus Estados, Cidades, ampla sociedade, setor privado e financeiro, deve caminhar urgentemente na busca da sustentabilidade como nosso principal legado para as futuras gerações.

 A palestra on-line teve mediação da auditora de Controle Externo do TCMSP, Gisela Nascimento, que registrou um grande número de perguntas formuladas através do chat do Youtube, que foram encaminhadas para o conhecimento do palestrante.

No encerramento da palestra virtual, o climatologista Carlos Nobre agradeceu a oportunidade de tratar da questão climática e se colocou à disposição para novos debates sobre o tema. Os participantes virtuais elogiaram a exposição que ocorreu durante a semana dedicada ao meio ambiente.

Essa atividade, bem como o registro de diversos outros eventos, permanece disponível para consulta ao público interessado por meio da página da EGC no Youtube.

Confira a íntegra da palestra. 

 


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