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Comunicação, 12/07/2024

Os cientistas são porta-vozes do saber científico e dos consensos pactuados em algumas áreas do conhecimento, que nos últimos anos têm sido publicamente atacados e contestados, abrindo um cenário para a falta de legitimidade da ciência a partir dos questionamentos apresentados em diversos fóruns da esfera pública. É nesse cenário que a Escola Superior de Gestão e Contas Públicas (EGC) do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCMSP) trouxe, na quinta-feira (11/07), um importante debate sobre os ideais negacionistas e a ciência no Brasil com o professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e pesquisador do INCT Participa (Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia) e do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), José Szwako.

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O contexto aborda o papel das redes sociais e da hiperconectividade na vida cotidiana como um dos fatores para a disseminação e ampliação de ideias que rejeitam o conhecimento científico. Esse é um ambiente pouco regulado que se tornou um campo fértil para a promoção das fake news e do pensamento da pós-verdade.

Szwako comenta que o negacionismo ganha especificidade na medida em que é sistemático, difundindo repetidas vezes, numa postura de oposição à ciência. “Outro traço bastante sui generis do negacionismo é o seu caráter extracientífico. As raízes dos interesses dos grupos e discursos negacionistas não estão querendo realmente enfrentar um consenso científico, não querem revolucionar um paradigma. [...] Estão no campo da moral, do costume, em uma visão de mundo, em uma conta bancária, porque têm grupos que estão ganhando muito dinheiro fabricando fake news, é uma atividade profissional. Isso ao passo que têm outros grupos que estão almejando votos”, expôs o pesquisador.

O entrevistado lembrou, porém, que esse negacionismo não atinge todos os campos da ciência, havendo um conjunto de saberes na Universidade que não estão sofrendo esses ataques. “Por exemplo, a química, a matemática. Ninguém está contestando que dois mais dois resulta em quatro. Não é disso que se trata. O foco está em questões de moralidade, de visão de mundo, de valores. Nesse sentindo, as ciências humanas e o direito, e, de outro lado, as faculdades de educação, as escolas e os currículos escolares, é que viraram verdadeiros campos de batalha simbólica. Parece que o negacionismo mira esse tipo de saber mais humanístico”, diferenciou.

Para acalmar o pânico, Szwako afirmou que a confiança na ciência não é o preconceito reinante entre os brasileiros. Comparativamente, o Brasil tem níveis de confiança na ciência muito maiores do que o apresentado em vários países desenvolvidos. Os dados mostram, de acordo com o pesquisador, que o público aumentou a capacidade de nomear instituições científicas em mais de 20% nos últimos três anos aqui no país. “Não estou querendo dizer que as pessoas confiam nessas instituições que elas sabem nomear. Estou querendo dizer que não vivemos um colapso dos mediadores”, completou.
Fazendo uma análise de conjuntura, Szwako prevê que o cenário futuro depende de como vai se desenrolar o cenário político. Tanto o eleitorado quanto os partidos vão conseguir disciplinar a própria classe política sobre os mecanismos de atração, de cooptação, de difusão para conseguir votos? “É um problema de regulação estritamente”, opinou. Essa regulação e responsabilização precisa entender a lógica do problema. “O problema são plataformas, são grupos econômicos, o problema são as bancadas”, acrescentou.

A live teve o intuito de celebrar o Dia Nacional da Ciência e dos Pesquisadores e Pesquisadoras Científicos, comemorado em 8 de julho, e contou com a mediação da coordenadora do GT Gênero do Observatório de Políticas Públicas do TCMSP e chefe de gabinete do conselheiro João Antonio da Silva Filho, Angélica Fernandes.

Para conferir os detalhes da entrevista e outros pontos abordados, acesse o evento na íntegra.

 

 

 
 

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